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COLUNA YARA BELCHIOR - LITERATURA - POEMA - A HORA ÍNTIMA - VINÍCIUS DE MORAES, 1950

09/09/2015, 09:52

 

 

Coluna Yara Belchior

 

 

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J

 

 

 

POEMA

 

A HORA ÍNTIMA – 1950

 

Poema de Vinicius de Moraes

 

 

 

Beba a gota de tua própria cisterna ou a abundância do teu próprio poço J
Quem pagará o enterro e as flores

 Se eu me morrer de amores?

 Quem, dentre amigos, tão amigo

 Para estar no caixão comigo?

 Quem, em meio ao funeral

 Dirá de mim: — Nunca fez mal...

 Quem, bêbado, chorará em voz alta

 De não me ter trazido nada?

 Quem virá despetalar pétalas

 No meu túmulo de poeta?

 Quem jogará timidamente

 Na terra um grão de semente?

 Quem elevará o olhar covarde

 Até a estrela da tarde?

 Quem me dirá palavras mágicas

 Capazes de empalidecer o mármore?

 Quem, oculta em véus escuros

 Se crucificará nos muros?

 Quem, macerada de desgosto

 Sorrirá: — Rei morto, rei posto...

 Quantas, debruçadas sobre o báratro

 Sentirão as dores do parto?

 Qual a que, branca de receio

 Tocará o botão do seio?

 Quem, louca, se jogará de bruços

 A soluçar tantos soluços

 Que há de despertar receios?

 Quantos, os maxilares contraídos

 O sangue a pulsar nas cicatrizes

 Dirão: — Foi um doido amigo...

 Quem, criança, olhando a terra

 Ao ver movimentar-se um verme

 Observará um ar de critério?

 Quem, em circunstância oficial

 Há de propor meu pedestal?

 Quais os que, vindos da montanha

 Terão circunspecção tamanha

 Que eu hei de rir branco de cal?

 Qual a que, o rosto sulcado de vento

 Lançara um punhado de sal

 Na minha cova de cimento?

 Quem cantará canções de amigo

 No dia do meu funeral?

 Qual a que não estará presente

 Por motivo circunstancial?

 Quem cravará no seio duro

 Uma lâmina enferrujada?

 Quem, em seu verbo inconsútil

 Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.

 Qual o amigo que a sós consigo

 Pensará: — Não há de ser nada...

 Quem será a estranha figura

 A um tronco de árvore encostada

 Com um olhar frio e um ar de dúvida?

 Quem se abraçará comigo

 Que terá de ser arrancada?

 Quem vai pagar o enterro e as flores

 Se eu me morrer de amores?

 

 

 

Salve, Jorge!

  

 

Que São Jorge Guerreiro, todos os Orixás e Espíritos de luzes continuem nos protegendo e abrindo os nossos caminhos hoje e sempre, Amém.   

 

 

* Yara Belchior é Jornalista-Colunista; Bacharela em Letras-Português/UFS; Pós-Graduação em Psicanálise/UFS; Iridologia/AMI. Entre as Colunas que assinou está a "Ponto de Vista", da Revista Veja.  

 

 

E-mail: yarabelchior@YARABELCHIOR.com.br  

 

 

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